Estou para escrever esse texto há muito tempo, mas tive algumas complicações acadêmicas. Finalmente, estou de férias e pude concretizar essa idéia que está rondando minha cabeça faz tempo. Espero que gostem. E, se alguém se sentir ofendido, só posso pensar uma coisa:missão cumprida.
Invasão da reitoria. Muitos cartazes, interesses, discussões, opiniões, brigas... Todo esse rebuliço me faz lembrar de um outro movimento, bem mais amplo que nos persegue há algum tempo. Tem seus muitos nomes, como “Pseudo-revoltismo”, “Movimento Pós-Moderno”, ou o meu preferido, “bobice”.
Mas afinal, do que se trata a bobice? Vamos tentar explicar e compreender o que ocorre por aí.
O Pós-Modernismo
Desde os tempos remotos, há uma adoração ao “rebelde”. Essa pessoa que quebra barreiras,ultrapassa limites é adorada por todos nós. O que fica evidenciado no modernismo, quando verdadeiros dogmas na arte vieram abaixo. Seja nos filmes, nos livros, na televisão ou na sua rua, todos gostamos de rebeldes.
Temos, portanto, no âmbito cultural, uma idealização do revolucionário. E o pós-modernismo se mantém a essa regra. A lei é ser revolucionário. Se ponha contra o mundo e ganhe uma balinha. E, dessa forma, vemos uma verdadeira banalização do que seria uma rebeldia, uma revolução. Afinal, a revolução é um meio, e o que temos aqui é uma revolução como causa.
Nessa busca incessante por regras a serem destruídas, criam-se regras fictícias e imaginárias para serem, a partir daí, quebradas. O artista pós-moderno quebra barreiras que existem na cabeça dele, e somente na cabeça dele. Porque regras existem única e exclusivamente para serem quebradas.
A partir daí brotam obras e mais obras incompreensíveis, comparadas a quadros infantis ou mesmo pintados por elefantes prodígios. Ou uma exposição simplesmente repleta de cenas e mais cenas de sexo explícito. Porque um pouco de sexo é sempre bom.
O sexo é insistentemente usado pelos nossos estimados artistas pós-modernos. Dificilmente você vai encontrar uma exposição que não tenha uma imagem ou um texto falando desse tema tão corriqueiro. Um tema tão “revolucionário e escandaloso” agora virou corriqueiro.
Eu não me choco com sexo. Eu sou bombardeado noite e dia por sexo. Revolucionário pra mim seria justamente não falar de sexo. Seria tentar ao menos manter um mínimo de discrição sobre a sua vida sexual, ou a dos outros. Mas é claro que eu sou só um reacionário moralista que sonha com um mundo em que um artista não berre por aí as experiências que teve com conchas, travestis romenos e arroz integral.
Essa busca pelo “novo”, pelo que irá quebrar todo o sistema vigente acaba gerando um outro tipo de movimento. Um movimento em que a causa perde a importância, e que o próprio “movimento” se fortalece. Não interessa muito pelo que você luta, o importante é justamente lutar. Cria-se a “revolta pela revolta”.
E essa “revolta pela revolta” evidencia que estamos no meio de uma corrente cultural seca, simplesmente desprovida de qualquer idéia ou causa na sua base. O simples ato de rebeldia gratuita é a estrutura do contexto intelectual em que estamos inseridos. Não existe nem razão para se discutir, porque não há o que se discutir. Muitas dessas pessoas envolvidas nos pós-modernismo não têm idéia de por que estão fazendo o que estão fazendo. É preferível ao menos um estúpido que não faz nada, do que vários estúpidos que se juntam com outros estúpidos pra fazerem estupidez.
Senhoras e senhores, eis o vosso pós-modernismo: um monte de estupidez.
Nossos Pseudo-Revoltados
Agora que já falamos da corrente vigente, vamos tratar de seus adeptos. Os gloriosos “pseudo-revoltados”.
Os pseudo-revoltados são pessoas incríveis. São superiores ao resto da humanidade, pois eles e somente eles sabem o quanto esse mundo é injusto e precisa ser mudado a todo custo. Então eles fazem o que sabem fazer de melhor: se revoltam. E não estão de brincadeira, caro leitor que está rindo.
Eles usam roupas pouco usuais, porque não pertencem a esse mundo imundo capitalista. Quer dizer, não pertencem na maior parte do tempo, porque é impossível resistir à um Ipod ou a conversar no MSN ou no celular, certo?
Mas não pára só por aí. Eles também têm discursos prontos a serem declamados contra instituições sabidamente maléficas, como a Igreja Católica, o governo, os Estados Unidos da América, a direção da escola e os professores de matemática(reacionários malditos). E argumentos muito fortes em favor de outras, como o comunismo(o sagrado comunismo), Cuba(viva Fidel!), o movimento estudantil secundarista(que merece ser respeitado e deve acreditar em si mesmo), Osama bin Laden, a pobre Palestina e seus singelos grupos terroristas e derivados.
Os pseudo-revoltados não contam, mas lá no fundo de seus pequeninos corações eles sentem uma saudade da ditadura... Claro, eles não eram nem nascidos, ou se eram não estavam em condições de “aproveitar”. Porque era boa àquela época em que você acordava, e iria xingar alguns policiais, planejar alguma coisa contra os militares, e quem sabe até, com sorte, ser torturado e morto! Consegue imaginar, ser morto pela ditadura, que grandioso que não deveria ser?
Mas infelizmente a geração acima da nossa guardou toda a festa pra si mesma, e largou a gente com só alguns pilantras em Brasília... E qual é a graça em protestar contra alguns ladrõezinhos, quando antigamente se podia jogar uma garrafa com gasolina em algum prédio e viver clandestinamente?
O jeito então é se rebelar contra o que temos. Vamos então entrar na reitoria da universidade e mostrar que a nossa geração também pode! Que nós somos tão bons quanto a última. Que nós também sabemos lutar por alguma coisa. Que eu sou tão bom quantos todo mundo era. Que eu sou o máximo. Que eu me rebelo mais que todo mundo aqui!
O que na verdade esqueceram de contar para os adeptos da bobice é que eles são seres egoístas, que só pensam na sua grandiosidade, que tentam se encaixar em grupos revolucionários pra se sentirem menos insignificantes nesse mundo, que entrando em qualquer movimento que aparece na frente deles eles acabam na verdade tornando o movimento banal, estúpido e sem razão de ser. Que a sua visão fechada, preconceituosa e indisposta à discussão serve apenas pra inflar o seu ego.
São esses então os nossos pseudo-revoltados. Estúpidos que se juntam com outros estúpidos pra fazerem um pouco de estupidez.
E agora?
Não temos mais saída? Estamos presos à essas pessoas que colocam frases soltas(de autores que supostamente leram e entenderam) no seu álbum do orkut, junto com fotinhos bonitas e revolucionárias de manifestações que fizeram?
Embora nossos adeptos do pós-modernismo estejam por toda parte, e que suas críticas soltas e sem sentido ecoem pelos quatro cantos do mundo, existem, é claro, pessoas que realmente têm idéias e estão dispostas à discussão. E justamente essas pessoas que se rebelam contra a norma da rebeldia é que têm de ser levadas à sério.
Só assim, quem sabe, podemos escapar um pouco dos estúpidos que se juntam a outros estúpidos pra fazerem um bocado de estupidez.
Mas afinal, do que se trata a bobice? Vamos tentar explicar e compreender o que ocorre por aí.
O Pós-Modernismo
Desde os tempos remotos, há uma adoração ao “rebelde”. Essa pessoa que quebra barreiras,ultrapassa limites é adorada por todos nós. O que fica evidenciado no modernismo, quando verdadeiros dogmas na arte vieram abaixo. Seja nos filmes, nos livros, na televisão ou na sua rua, todos gostamos de rebeldes.
Temos, portanto, no âmbito cultural, uma idealização do revolucionário. E o pós-modernismo se mantém a essa regra. A lei é ser revolucionário. Se ponha contra o mundo e ganhe uma balinha. E, dessa forma, vemos uma verdadeira banalização do que seria uma rebeldia, uma revolução. Afinal, a revolução é um meio, e o que temos aqui é uma revolução como causa.
Nessa busca incessante por regras a serem destruídas, criam-se regras fictícias e imaginárias para serem, a partir daí, quebradas. O artista pós-moderno quebra barreiras que existem na cabeça dele, e somente na cabeça dele. Porque regras existem única e exclusivamente para serem quebradas.
A partir daí brotam obras e mais obras incompreensíveis, comparadas a quadros infantis ou mesmo pintados por elefantes prodígios. Ou uma exposição simplesmente repleta de cenas e mais cenas de sexo explícito. Porque um pouco de sexo é sempre bom.
O sexo é insistentemente usado pelos nossos estimados artistas pós-modernos. Dificilmente você vai encontrar uma exposição que não tenha uma imagem ou um texto falando desse tema tão corriqueiro. Um tema tão “revolucionário e escandaloso” agora virou corriqueiro.
Eu não me choco com sexo. Eu sou bombardeado noite e dia por sexo. Revolucionário pra mim seria justamente não falar de sexo. Seria tentar ao menos manter um mínimo de discrição sobre a sua vida sexual, ou a dos outros. Mas é claro que eu sou só um reacionário moralista que sonha com um mundo em que um artista não berre por aí as experiências que teve com conchas, travestis romenos e arroz integral.
Essa busca pelo “novo”, pelo que irá quebrar todo o sistema vigente acaba gerando um outro tipo de movimento. Um movimento em que a causa perde a importância, e que o próprio “movimento” se fortalece. Não interessa muito pelo que você luta, o importante é justamente lutar. Cria-se a “revolta pela revolta”.
E essa “revolta pela revolta” evidencia que estamos no meio de uma corrente cultural seca, simplesmente desprovida de qualquer idéia ou causa na sua base. O simples ato de rebeldia gratuita é a estrutura do contexto intelectual em que estamos inseridos. Não existe nem razão para se discutir, porque não há o que se discutir. Muitas dessas pessoas envolvidas nos pós-modernismo não têm idéia de por que estão fazendo o que estão fazendo. É preferível ao menos um estúpido que não faz nada, do que vários estúpidos que se juntam com outros estúpidos pra fazerem estupidez.
Senhoras e senhores, eis o vosso pós-modernismo: um monte de estupidez.
Nossos Pseudo-Revoltados
Agora que já falamos da corrente vigente, vamos tratar de seus adeptos. Os gloriosos “pseudo-revoltados”.
Os pseudo-revoltados são pessoas incríveis. São superiores ao resto da humanidade, pois eles e somente eles sabem o quanto esse mundo é injusto e precisa ser mudado a todo custo. Então eles fazem o que sabem fazer de melhor: se revoltam. E não estão de brincadeira, caro leitor que está rindo.
Eles usam roupas pouco usuais, porque não pertencem a esse mundo imundo capitalista. Quer dizer, não pertencem na maior parte do tempo, porque é impossível resistir à um Ipod ou a conversar no MSN ou no celular, certo?
Mas não pára só por aí. Eles também têm discursos prontos a serem declamados contra instituições sabidamente maléficas, como a Igreja Católica, o governo, os Estados Unidos da América, a direção da escola e os professores de matemática(reacionários malditos). E argumentos muito fortes em favor de outras, como o comunismo(o sagrado comunismo), Cuba(viva Fidel!), o movimento estudantil secundarista(que merece ser respeitado e deve acreditar em si mesmo), Osama bin Laden, a pobre Palestina e seus singelos grupos terroristas e derivados.
Os pseudo-revoltados não contam, mas lá no fundo de seus pequeninos corações eles sentem uma saudade da ditadura... Claro, eles não eram nem nascidos, ou se eram não estavam em condições de “aproveitar”. Porque era boa àquela época em que você acordava, e iria xingar alguns policiais, planejar alguma coisa contra os militares, e quem sabe até, com sorte, ser torturado e morto! Consegue imaginar, ser morto pela ditadura, que grandioso que não deveria ser?
Mas infelizmente a geração acima da nossa guardou toda a festa pra si mesma, e largou a gente com só alguns pilantras em Brasília... E qual é a graça em protestar contra alguns ladrõezinhos, quando antigamente se podia jogar uma garrafa com gasolina em algum prédio e viver clandestinamente?
O jeito então é se rebelar contra o que temos. Vamos então entrar na reitoria da universidade e mostrar que a nossa geração também pode! Que nós somos tão bons quanto a última. Que nós também sabemos lutar por alguma coisa. Que eu sou tão bom quantos todo mundo era. Que eu sou o máximo. Que eu me rebelo mais que todo mundo aqui!
O que na verdade esqueceram de contar para os adeptos da bobice é que eles são seres egoístas, que só pensam na sua grandiosidade, que tentam se encaixar em grupos revolucionários pra se sentirem menos insignificantes nesse mundo, que entrando em qualquer movimento que aparece na frente deles eles acabam na verdade tornando o movimento banal, estúpido e sem razão de ser. Que a sua visão fechada, preconceituosa e indisposta à discussão serve apenas pra inflar o seu ego.
São esses então os nossos pseudo-revoltados. Estúpidos que se juntam com outros estúpidos pra fazerem um pouco de estupidez.
E agora?
Não temos mais saída? Estamos presos à essas pessoas que colocam frases soltas(de autores que supostamente leram e entenderam) no seu álbum do orkut, junto com fotinhos bonitas e revolucionárias de manifestações que fizeram?
Embora nossos adeptos do pós-modernismo estejam por toda parte, e que suas críticas soltas e sem sentido ecoem pelos quatro cantos do mundo, existem, é claro, pessoas que realmente têm idéias e estão dispostas à discussão. E justamente essas pessoas que se rebelam contra a norma da rebeldia é que têm de ser levadas à sério.
Só assim, quem sabe, podemos escapar um pouco dos estúpidos que se juntam a outros estúpidos pra fazerem um bocado de estupidez.
6 comentários:
Benj você teve uma "pegada" bem "dieguito" neste texto.
Chorou, parou.
é, eu concordo com varias coisas do texto.. acho que a nossa geraçao luta sem causa, luta pra lutar, pra se sentir mesmo rebelde que ta indo contra o sistema e foda-se. mas no dia a dia, esses rebelds tem a mesma vida dos que eles chingam de futeis, alienados.. e no fim, eu nao sei quem eh o mais alienado da historia: aquele que parou na d´cada de 60, e que ouve as historias dos pais sobre a ditadura e os olhos brilham.. ou aqueles que nao tao nem ai pra coisa alguma.
na minha escola (vila) é muito engraçado. pq tem todo aquele pessoal que é filho de intelectual, e tambem tem um povo que chinga esses "hippies". e ai um chinga o outro e ninguem tem razao, e é engraçado mesmo.
outro dia eu tava conversando com o professor de geografia, e ele disse qu era a favor da ocupaçao da reitoria, mas que a nossa geraçao era muito "clean".. que a geraçao dele nm era assim.
e sabe, ai eu olhei pro bando de aluno que engolia as palavras que eles diziam e concordavam., e sei la, me deixou meio triste. ai eu li esse texto e sabe, encaixou bem.
mas nao sei que que é pior. qual que é a soluçao.
tudo me parece uma forma de alienaçao, e discutir... tá, discute e dai? e faz o que?
a gente nao sabe contra quem ta lutando, e quando sabe, nao sabe o que a gente ta defendendo.
e quandoa gente sabe o que tem que defender, fica na mesma e nao faz nada pra mudar.
parece que sempre falta alguma coisa, que tem sempre um vazio, uma lacuna a mais pra ser preenchida.
e ai tudo parece pseudo, mesmo. e parece quea gente vive realmente num pós qualquer coisa, que a gente ta atrasado, uma geraçao "a mais', que a gente ta perdido.. que o nosso tempo passou e a gent nao viveu.
ah, sei la, eh complicado e eu ja escrevi demais,
chico, tem um texto sobre pos-modernismo q é muito legal e era bibliogafia de uma diciplina da pós graduação - é o seguinte: ANDERSON, Perry. As origens da pós-modernidade. Muito interessante. Se não achar na net, poderiamos comprar q é um bom livro para se ter.
beijo
j.a.
Pega leve
Eu ODEIO a palavra "sistema" e essa coisa de falar de sistema aqui, sistema ali como se estivesse fora, sendo capaz de observar essa talk máquina capitalista pérfida! como se houvesse uma racionalidade absoluta que representasse o mal!
sinto-lhes informar que não existe um sistema [porra!], e que tudo que fazemos está numa sociedade que não exclui nem mesmo os ditos "verdadeiros revolucionários", e que funciona com uma lógica que não é nescessariamente "má". ela está em todos nós. ela é a nossa vida coletiva!
aaaah! vou escrever ainda um texto chamado "eu amo a sociedade"...
Postar um comentário