sexta-feira, janeiro 05, 2007

5. O Amanhã


“Amanhã vai ser outro dia”[1]

“Vou cobrar com juros. Juro!”[2]

“We don’t need no education”[3]

“It’s only Teenage Wasteland”[4]

O Colégio Santa Cruz ainda preserva muita coisa de bom. É difícil se destruir uma construção sólida como a engendrada pelos padres fundadores no passado como a nossa escola. O aluno santa-cruzense que busca no corpo letivo uma luz, um guia para iniciar uma viagem de compreensão da realidade, acha – até por que já disse que talvez o único segmento que realmente siga a sombra do passado é o segmento que inclui os professores. Porém, o quadro só tende a piorar. A pressão é forte e o número de alunos que buscam essa luz diminui cada vez mais, fazendo assim os nossos mestres se distanciarem cada vez mais dessa tão dita ótica de vanguarda.

Admito que sou bastante pessimista. Mas, em contrapartida, penso que existe, mesmo que remota, a possibilidade de sair alguma coisa dos próprios alunos e sonho com a engrenagem parando e começando a rodar no sentido contrário destruindo toda a linha de produção preparada por tantos anos.

Esse sonho meu é na verdade o sonho de estudantes de todas as épocas. Mil novecentos e sessenta e oito, por exemplo. Não sou sessenta-e-oitista. O meu pessimismo me impede de acreditar nessa mudança tão radical.

Na verdade penso também sobre o que adianta escrever sobre tudo isso. Se um dia eu pudesse conhecer tal Conselho Administrativo... Tenho pena dos pequenos monstrinhos que estão sendo formados. Vamos todos bater palmas à futura elite do país. É uma ótima elite. Representa bem o nosso futuro. Nosso futuro negro. Nosso futuro de exploradores.

Digo que não compactuarei com isso, o problema é que, como disse um amigo meu, eu quero a melhor educação para os meus filhos. O Santa Cruz ainda é um dos melhores colégios do Brasil. Ainda.

Peço aos leitores para atentarem os aspectos aqui destacados. Certeza eu tenho de que tudo o que eu falo não é completamente certo. Talvez tenha escrito aqui somente um saco de polêmicas. Acho, porém, que a importância das polêmicas é a discussão causada por elas. Vamos discutir!

Se você quer saber os nomes do Conselho Administrativo? Quer o nome do tal Consultor de Orientação Educacional do EM? Gostaria de saber os nomes das divindades, espíritos, curupiras, caiporas, boitatás e lobisomens que, supostamente, fazem parte da nossa comunidade? Isso é fácil. Tem no Plano Diretor. Ah, você não tem o Plano Diretor? Dá um pulo na Secretaria Geral e peça já o seu, é de graça.

Por último somente um adendo derradeiro. Eu não colocarei bombas na escola, como já provocou um amigo. Aliás, colocarei sim, somente as ideológicas. Ah! E de maneira nenhuma pretendo, como disse esse mesmo amigo, lutar boxe com o Luís Eduardo. Perderia com toda a certeza. Talvez um dia ele possa ler este texto. Espero que não fique chateado. A opinião é minha e eu a assumo, bem como meus colaboradores. Nada é pessoal. Que ele ouça este grito de uma fração de seus alunos, desta juventude que concorda com pelo menos alguns pontos colocados aqui. Esperamos que nossa ação, que nossas idéias, sejam levadas em conta, e que talvez, num futuro, colocadas em prática, modificando assim, nossa realidade.


[1] Chico Buarque de Hollanda (curiosamente ex-aluno do Santa) em Apesar de Você.

[2] Chico Buarque de Hollanda, mesma música.

[3] Da canção Another Brick on the Wall – Part II, do album The Wall(1979) do Pink Floyd, composta por Roger Waters.

[4] Da canção Baba O’Riley (The Who), composta por Peter Townshed.

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