11.
Já estou farto
Amigos e amigas, devo dizer que já estou farto. Para mim já chega - cheguei no meu limite. Um pensamento me devora iniciado pelo texto do meu querido amigo Benjamin; um pensamento a respeito do que somos. Como assim "somos"?, perguntaria o ávido leitor!
Devo dizer que talvez numa atitude muito blasé igualmente sincera me dá nojo tudo o que nós (frequentadores diretos e em potencial deste blog e dos meus círculos sociais em geral) somos. Não importa aonde eu coloque o meu foco de pensamento eu posso ativar a metralhadora giratória de críticas e muitas vezes de palavras de baixo calão contra tais objetos observando tudo o que está em minha volta com extremo asco. É evidente que existe o afeto, a amizade, além ou simultaneamente a este sentimento mas que ele existe - existe.
Somos todos uns bundões, uns relaxados, e nada queremos fazer para isso parar de ser - afinal de contas qual seria a serventia. Não consigo sinceramente ver a diferença entre alguém que aqui escreve, como eu, ou uma pessoa que nunca na vida pudesse ter o interesse de ler qualquer coisa que aqui está escrita mas ao mesmo tempo frequente o mesmo ambiente social que eu, que vocês. Essa história de "poder da palavra" parece para mim agora um mero subterfúgio, apenas um golpe lépido com os pés para jogar areia nos olhos do touro que nos olha. O "poder da palavra", da discussão, que admito que muito defendi, é na realidade a maldita "punheta filosófica", e nada mais. Mostramos como somos mais inteligentes que os outros. Usamos táticas retóricas, mesmo sem saber, para, mesquinhamente, interagir dentro do nosso próprio grupo praticando um onanismo que só produzirá prazer e frustração para nós mesmos.
O objeto de nossas discussões é, na maioria das vezes, muito mais digno do que propriamente discutimos. Não sei como propor isso mas creio que deveríamos ter mais respeito com termos diversos e complexos como já foi bem colocado por Márcio em um de seus comentários nos textos anteriores quando demonstrou sua preocupação com a palavra "sociedade". Penso as vezes numa lei que proibisse as afirmativas, enunciados, respostas, posts, comentários, textos, ensaios e qualquer coisa que eventualemente pudesse surgir com caráter leviano, indigno, desrespeitoso - isso para com o tema tratado. É óbvio que não proponho censura, amigos; só penso em maneiras impossíveis e imorais para solucionar meu problema de hoje - posso?
E aí entra a discussão da falta de base¹. Quem fala sem base - e se engana quem não dá importância à isso - inevitavelmente descredibiliza a discussão; e não só a sua discussão particular mas como todas as que o leitor possa vier a participar. Ele impinge uma marca eterna que fala e repete incessantemente que uma pessoa pode falar sobre qualquer coisa em qualquer hora - mas isso tem problemas! Muitos! Isso causa uma reação em cadeia que desqualifica toda a nossa época. Isso enche de lixo nossos ouvidos com opiniões das mais diversas. Isso lota o mundo de sabichões. O falatório sem base é na verdade o alicerce da punheta filosófica - ou seria o contrário? De qualquer maneira é certo que estes aspectos andam juntos e flertam com animosidade.
E por que deveria me eximir de tudo isso? Mesmo este texto é uma porcaria de punheta filosófica dedicada somente ao meu bel-prazer e minha carência de atenção - à nossa carência de atenção.
Ninguém faz nada de graça. Se esta pessoa está fazendo é por que naquilo vê alguma vantagem. Talvez o problema seja que ninguém as avalie profundamente.
¹Bom, para esclarecer minha querida amiga Tainá o que eu chamo de não ter base é falar uma coisa sem ter na própria mente argumentos que respaldem tal afirmação. É levianamente mostrar propriedade em relação à um assunto mas no fundo usar expressões que são muito delicadas de serem usadas.
Já estou farto
Amigos e amigas, devo dizer que já estou farto. Para mim já chega - cheguei no meu limite. Um pensamento me devora iniciado pelo texto do meu querido amigo Benjamin; um pensamento a respeito do que somos. Como assim "somos"?, perguntaria o ávido leitor!
Devo dizer que talvez numa atitude muito blasé igualmente sincera me dá nojo tudo o que nós (frequentadores diretos e em potencial deste blog e dos meus círculos sociais em geral) somos. Não importa aonde eu coloque o meu foco de pensamento eu posso ativar a metralhadora giratória de críticas e muitas vezes de palavras de baixo calão contra tais objetos observando tudo o que está em minha volta com extremo asco. É evidente que existe o afeto, a amizade, além ou simultaneamente a este sentimento mas que ele existe - existe.
Somos todos uns bundões, uns relaxados, e nada queremos fazer para isso parar de ser - afinal de contas qual seria a serventia. Não consigo sinceramente ver a diferença entre alguém que aqui escreve, como eu, ou uma pessoa que nunca na vida pudesse ter o interesse de ler qualquer coisa que aqui está escrita mas ao mesmo tempo frequente o mesmo ambiente social que eu, que vocês. Essa história de "poder da palavra" parece para mim agora um mero subterfúgio, apenas um golpe lépido com os pés para jogar areia nos olhos do touro que nos olha. O "poder da palavra", da discussão, que admito que muito defendi, é na realidade a maldita "punheta filosófica", e nada mais. Mostramos como somos mais inteligentes que os outros. Usamos táticas retóricas, mesmo sem saber, para, mesquinhamente, interagir dentro do nosso próprio grupo praticando um onanismo que só produzirá prazer e frustração para nós mesmos.
O objeto de nossas discussões é, na maioria das vezes, muito mais digno do que propriamente discutimos. Não sei como propor isso mas creio que deveríamos ter mais respeito com termos diversos e complexos como já foi bem colocado por Márcio em um de seus comentários nos textos anteriores quando demonstrou sua preocupação com a palavra "sociedade". Penso as vezes numa lei que proibisse as afirmativas, enunciados, respostas, posts, comentários, textos, ensaios e qualquer coisa que eventualemente pudesse surgir com caráter leviano, indigno, desrespeitoso - isso para com o tema tratado. É óbvio que não proponho censura, amigos; só penso em maneiras impossíveis e imorais para solucionar meu problema de hoje - posso?
E aí entra a discussão da falta de base¹. Quem fala sem base - e se engana quem não dá importância à isso - inevitavelmente descredibiliza a discussão; e não só a sua discussão particular mas como todas as que o leitor possa vier a participar. Ele impinge uma marca eterna que fala e repete incessantemente que uma pessoa pode falar sobre qualquer coisa em qualquer hora - mas isso tem problemas! Muitos! Isso causa uma reação em cadeia que desqualifica toda a nossa época. Isso enche de lixo nossos ouvidos com opiniões das mais diversas. Isso lota o mundo de sabichões. O falatório sem base é na verdade o alicerce da punheta filosófica - ou seria o contrário? De qualquer maneira é certo que estes aspectos andam juntos e flertam com animosidade.
E por que deveria me eximir de tudo isso? Mesmo este texto é uma porcaria de punheta filosófica dedicada somente ao meu bel-prazer e minha carência de atenção - à nossa carência de atenção.
Ninguém faz nada de graça. Se esta pessoa está fazendo é por que naquilo vê alguma vantagem. Talvez o problema seja que ninguém as avalie profundamente.
¹Bom, para esclarecer minha querida amiga Tainá o que eu chamo de não ter base é falar uma coisa sem ter na própria mente argumentos que respaldem tal afirmação. É levianamente mostrar propriedade em relação à um assunto mas no fundo usar expressões que são muito delicadas de serem usadas.
4 comentários:
mas sabe, no fim que que é ter uma base?
mas que denso!
O ser humano é um tanto egoísta em tudo que faz e fala, é tudo para voltar para ele mesmo; seja como vantagem, mostra de inteligência, imagem...
Mas a questão disso tudo é ter informação e ser ABERTO para outras opiniões, pra mim isso é o mais belo da discussão. o essencial pra falar a verdade.
E no fundo, tudo é em volta do seu próprio sistema.
Mas todos carecemos de boas punhetas. Se me fossem negadas, o que seria de meus desejos animosamente incontroláveis? O que sim é que toda vantagem que se busca alcançar, mesmo que resvale no bel-prazer, poderia ser entendida como apenas uma dentre tantas outras VANTAGENS empreendidas por toda a humanidade, isso é ,cada um de nós, a cada instante, incessantemente. Já parou pra pensar que o mundo nada mais é do que convívio de infinitas ânsias de vantagens se chocando, degladiando, fundindo, dando lugar a outras desejosas vantagens, constituindo assim algo que pode até vir a se chamar a dialética dos desejos vantajosos? De qualquer modo, a civilização (essa palavra vendida para tantos significados, e no entanto bastante pertinente nesse momento) consiste justamente no estágio ideal no qual poderíamos arbitrar todas as vantagens de modo a preservar as relações sadias entre os homens. Acho que ficou teorético de mais. E não me pergunte o que significa sadio, pois foi um adjetivo empregado justamente para acobertar algo amplo e indefinível, um jogo retórico. Chega, já é tarde.
meu deus!
esse é o melhor texto que você jah publicou, lindo! agora faça o que propôs e depois de destruir tudo construa algo mais livre.
como dizia proudhon:
destroi e aedificabo
[destrua e reconstrua]
punheta filosófica, isso é genial!
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