sábado, agosto 04, 2007

11.

Já estou farto


Amigos e amigas, devo dizer que já estou farto. Para mim já chega - cheguei no meu limite. Um pensamento me devora iniciado pelo texto do meu querido amigo Benjamin; um pensamento a respeito do que somos. Como assim "somos"?, perguntaria o ávido leitor!
Devo dizer que talvez numa atitude muito blasé igualmente sincera me dá nojo tudo o que nós (frequentadores diretos e em potencial deste blog e dos meus círculos sociais em geral) somos. Não importa aonde eu coloque o meu foco de pensamento eu posso ativar a metralhadora giratória de críticas e muitas vezes de palavras de baixo calão contra tais objetos observando tudo o que está em minha volta com extremo asco. É evidente que existe o afeto, a amizade, além ou simultaneamente a este sentimento mas que ele existe - existe.
Somos todos uns bundões, uns relaxados, e nada queremos fazer para isso parar de ser - afinal de contas qual seria a serventia. Não consigo sinceramente ver a diferença entre alguém que aqui escreve, como eu, ou uma pessoa que nunca na vida pudesse ter o interesse de ler qualquer coisa que aqui está escrita mas ao mesmo tempo frequente o mesmo ambiente social que eu, que vocês. Essa história de "poder da palavra" parece para mim agora um mero subterfúgio, apenas um golpe lépido com os pés para jogar areia nos olhos do touro que nos olha. O "poder da palavra", da discussão, que admito que muito defendi, é na realidade a maldita "punheta filosófica", e nada mais. Mostramos como somos mais inteligentes que os outros. Usamos táticas retóricas, mesmo sem saber, para, mesquinhamente, interagir dentro do nosso próprio grupo praticando um onanismo que só produzirá prazer e frustração para nós mesmos.
O objeto de nossas discussões é, na maioria das vezes, muito mais digno do que propriamente discutimos. Não sei como propor isso mas creio que deveríamos ter mais respeito com termos diversos e complexos como já foi bem colocado por Márcio em um de seus comentários nos textos anteriores quando demonstrou sua preocupação com a palavra "sociedade". Penso as vezes numa lei que proibisse as afirmativas, enunciados, respostas, posts, comentários, textos, ensaios e qualquer coisa que eventualemente pudesse surgir com caráter leviano, indigno, desrespeitoso - isso para com o tema tratado. É óbvio que não proponho censura, amigos; só penso em maneiras impossíveis e imorais para solucionar meu problema de hoje - posso?
E aí entra a discussão da falta de base¹. Quem fala sem base - e se engana quem não dá importância à isso - inevitavelmente descredibiliza a discussão; e não só a sua discussão particular mas como todas as que o leitor possa vier a participar. Ele impinge uma marca eterna que fala e repete incessantemente que uma pessoa pode falar sobre qualquer coisa em qualquer hora - mas isso tem problemas! Muitos! Isso causa uma reação em cadeia que desqualifica toda a nossa época. Isso enche de lixo nossos ouvidos com opiniões das mais diversas. Isso lota o mundo de sabichões. O falatório sem base é na verdade o alicerce da punheta filosófica - ou seria o contrário? De qualquer maneira é certo que estes aspectos andam juntos e flertam com animosidade.
E por que deveria me eximir de tudo isso? Mesmo este texto é uma porcaria de punheta filosófica dedicada somente ao meu bel-prazer e minha carência de atenção - à nossa carência de atenção.
Ninguém faz nada de graça. Se esta pessoa está fazendo é por que naquilo vê alguma vantagem. Talvez o problema seja que ninguém as avalie profundamente.

¹Bom, para esclarecer minha querida amiga Tainá
o que eu chamo de não ter base é falar uma coisa sem ter na própria mente argumentos que respaldem tal afirmação. É levianamente mostrar propriedade em relação à um assunto mas no fundo usar expressões que são muito delicadas de serem usadas.