domingo, outubro 07, 2007

19.

O caldeirão não tem mais vergonha

"O apresentador Luciano Huck diz que as reações negativas a seu desabafo depois de um assalto partiram de quem não conhece a periferia" Subtítulo da entrevista de Luciano Huck à Veja deste sábado 6 de outubro de 2007.
Ele falou de novo, o Luciano Huck. Vocês desculpem a minha obcessão contudo não posso deixar de lado as palavras de um senhor que além de ter cursado pelo menos algum tempo da mesma faculdade que eu ainda esteve no mesmo colégio que eu. Espantoso.
Fiquei muito confuso quando li a entrevista de Huck à Veja neste sábado. O global falou bonito sobre a importância da educação para o país e que todos temos que fazer alguma coisa. Dissertou sobre a importância de não termos um estado penal e sim um com enfoque na educação, com enfoque em projeto para a educação. É o "Cristovam Buarque" do "Caldeirão" que não está nem aí para as bobagens que falaram. Disse já foi milhares de vezes mais para a periferia para gravar quadros de seu programa e passa de carro com vidro aberto na Rocinha. Ele afirmou que ouve, ouve muito, e conhece a realidade brasileira.
Não sei se vale a pena ficar falando sobre esse meu colega. Para mim é evidente que esse discurso não passa de uma bem-feita pasteurização das besteiras que Luciano Huck escreveu e nada mais porque continua fazendo uso de lugares comuns, de máximas, assim como todo entendedor-de-tudo. Se travestiu agora de justamente o que buscava no artigo, de salvador da pátria. Não acham? Olha a cara dele na foto que eu coloquei aqui para vocês verem.
Em vez de procurar respostas nessa entrevista o nosso herói nos dá, e é por isso que eu fiquei confuso. No lugar de perguntar ele responde e vejam só que instrutivo, responde com coisas que quem tem o mínimo de discernimento já sabe sobre o nosso país: é evidente que precisamos democratizar o acesso à educação. Claro que o filho do assaltante tem de ter oportunidade de entrar na faculdade que quiser, isso é óbvio. Huck agora quer posar de bom-moço, de bastião da razoabilidade. Para mim Luciano não passa de um hipócrita.
Como tem coragem em falar de educação conduzindo seu programa desta maneira? Como tem a panca de vir dizer que conhece mais da realidade brasileira do que qualquer um que o criticou? Este homem que trabalha para a Globo tem a pachorra de vir falar em mudança social?
Seu programa e suas atitudes como homem público só vem contribuir para o estado aleijado que nosso país se encontra, aleijado justamente do que ele pede, educação. Não cabe aqui descer a lenha no "Caldeirão" mais uma vez mas me indigna este vendedor, que é exatamente o que Huck é, um vendedor de produtos muito hábil, vir aqui dizer disso tudo.
Luciano você pode ouvir o quanto você quiser, não vai resolver o problema. Pode fazer quantas ONGs quiser, não vai resolver o problema. Enquanto você não perceber que trabalha para o contrário do que deseja estará remando com um cabo de vassoura, sem sair do lugar.
Das duas uma: ou Luciano Huck está no lugar errado e mal-instruído não passando de um ingênuo bem-intencionado ou tudo o que disse de fato é uma pasteurização e o que deseja realmente é um estado policial, que o cap. Nascimento de "Tropa de Elite" construa um muro em volta de sua sociedade perfeita.

Ainda estou sobre isso matutando. Não acho que este texto tenha ficado especialmente bom. Me sinto como um peixinho dourado que caiu fora do aquário - realmente sinto-me confuso com esta entrevista, me debatendo comigo mesmo para tentar verificar em ponto este colega me pegou, porque ele me pegou em algum ponto. Ainda me sinto driblado. Tento me sentir superior, é inútil, não o sou. Preciso de uma dose de autocrítica, talvez realmente eu seja um mané como ele disse.