sexta-feira, setembro 14, 2007


Agora fiquei com vontade de acrescer aqui algumas considerações que um grande amigo meu, André Vignola Zurawski, vulgo Nest, fez em minha companhia sobre o assunto do último post-texto (nº17), o teatro. Considerações estas que talvez passaram despercebidas pela minha análise da peça e que provavelmente seria interessante colocar.
A questão é que existe a possibilidade de uma das intenções da peça ou de quem a fez fosse justamente a intenção passada, o sentimendo passado. Me parece razoável tal colocação à medida que não se trata de nenhum grupo tecnicamente defeituoso, muito pelo contrário. Nest abriu-me os olhos numa conversa franca na qual refleti sobre alguns pontos que aqui coloquei no domingo (9.8.2007), no post-texto 17. Esta abertura e ampliação do olhar deixa em xeque algumas de minhas críticas justamente pelo fato de que talvez a intenção fosse aquela; talvez queriam deixar-me irritado.
E isso não é necessariamente ruim, apesar de incômodo.

E o incômodo muitas vezes não só é útil como engrandecedor.
Abraços.

domingo, setembro 09, 2007

17.


"A partir daí brotam obras e mais obras incompreensíveis, comparadas a quadros infantis ou mesmo pintados por elefantes prodígios. Ou uma exposição simplesmente repleta de cenas e mais cenas de sexo explícito. Porque um pouco de sexo é sempre bom.
O sexo é insistentemente usado pelos nossos estimados artistas pós-modernos. Dificilmente você vai encontrar uma exposição que não tenha uma imagem ou um texto falando desse tema tão corriqueiro. Um tema tão “revolucionário e escandaloso” agora virou corriqueiro.
Eu não me choco com sexo. Eu sou bombardeado noite e dia por sexo. Revolucionário pra mim seria justamente não falar de sexo. Seria tentar ao menos manter um mínimo de discrição sobre a sua vida sexual, ou a dos outros. Mas é claro que eu sou só um reacionário moralista que sonha com um mundo em que um artista não berre por aí as experiências que teve com conchas, travestis romenos e arroz integral.

Essa busca pelo “novo”, pelo que irá quebrar todo o sistema vigente acaba gerando um outro tipo de movimento. Um movimento em que a causa perde a importância, e que o próprio “movimento” se fortalece. Não interessa muito pelo que você luta, o importante é justamente lutar. Cria-se a “revolta pela revolta”.

E essa “revolta pela revolta” evidencia que estamos no meio de uma corrente cultural seca, simplesmente desprovida de qualquer idéia ou causa na sua base. O simples ato de rebeldia gratuita é a estrutura do contexto intelectual em que estamos inseridos. Não existe nem razão para se discutir, porque não há o que se discutir. Muitas dessas pessoas envolvidas nos pós-modernismo não têm idéia de por que estão fazendo o que estão fazendo. É preferível ao menos um estúpido que não faz nada, do que vários estúpidos que se juntam com outros estúpidos pra fazerem estupidez.
Senhoras e senhores, eis o vosso pós-modernismo: um monte de estupidez."


Começo este texto citando meu grande amigo Benjamin. Perfeita a sua colocação sobre o sexo, absolutamente perfeita, e gostaria muitíssimo de manifestar meu apoio à estas palavras que talvez tenham passado incólumes por quem leu "O Pós-Modernismo", post do próprio Benjamin.
É claro que ele e eu somos desimportantes, não entendemos nada de arte seja ela dramática, plástica, cinematográfica ou mesmo arquitetônica. Nossa opinião leiga é imbuída com ingenuidade e sinceridade de quem não entende ou entende errado o que vê.

Você caro leitor deve estar a se questionar o que o Chico quer dizer desta vez colocando este trecho benjamínico e o comentando puxando para esta parte artística que o texto carrega. O Chico quer tratar aqui diretamente de teatro. De uma peça que ele viu com Benjamin e com toda a família Chico neste sábado dia 8 de setembro.
O nome da peça? "El Truco". O lugar? Espaço Satyros 2, na Praça Franklin Roosevelt. O enredo? Na Segunda Guerra Mundial diversas pessoas estão trancadas num bunker para se proteger dos bombardeios e das batalhas. Estas se propõe a encenar "Sonho de uma noite de verão", de Shakespeare. O tema? Uma batalha entre ficção e realidade; uma demonstração da loucura; da "vida como ela é"; do nosso lado animal; das máscaras-personagens que usamos; uma visão sobre o mundo louco que quer que sejamos isto ou aquilo.
Não quero dizer que este tema seja de pouca importância muito menos que estes questionamentos não devem ser levantados contudo tenho de admitir que a peça para mim foi um martírio. Nenhuma cena passava sem a menção, simulação ou propriamente exibição explícita de algum aspecto sexual qualquer que seja. Não existiu um momento em que as falas, os movimentos, os corpos, os olhares ou as andanças em cena não passassem uma conotação extremamente sexual e vulgar. Para mim isto não é qualidade, não é vantagem.
Parece muito carola, muito ridículo, muito conservadoramente podre e retrógrado esse meu ataque ao excesso de sexo. Eu não me importo que seja. Me importo com a minha incapacidade de prestar atenção em um enredo com tantos floreios sexuais. Só consegui abstrair alguma coisa daquela encenação pelas minhas conversas posteriores com as pessoas pois na hora eu só pensava em levantar e ir embora.
Fiquei durante um bom tempo me perguntando o porquê da minha extrema repulsa a tudo isso. É complicado criticar principalmente sendo leigo. Muitos diriam que eu deveria ter retirado meus filtros-de-preconceitos antes de entrar na peça e é por aí que eu começo. Preconceitos? Preconceitos tem contra o que digo aqueles que me acusam de carola e retrógrado. Mais despido de preconceitos que fui impossível justamente indicado pelo fato de eu não ter ficado chocado com a enxurrada sexual e sim irritado. Para mim parecia totalmente descabido e desnecessário contar aquela história daquela maneira. Fui sem nenhum preconceito e o que vi, puramente falando, foi um punhado de cenas sexuais que para mim nada acrescentaram. Pareceu-me justamente o "choque pelo choque". O único problema é que minha geração não se impressiona com sexo do mesmo jeito que a dos meus pais. Nasci do sexo. Cresci com sexo na TV. Sexo transpirando pelo computador, pelos outdoors, pelo rádio, pelas músicas, pelas baladas, pelas gírias. Tudo fala de sexo. Os filmes que eu assisto só tem sexo. Como diz o Benjamin, revolucionário para nós (faço das palavras dele as minhas) seria não falar de sexo, não contar as coisas com sexo.
O que seria pra chocar, para me causar impressão aflitiva causou-me vergonha. Não vergonha pudica, vergonha de carola, de virgem da igreja da Santa Maria Imaculada Conceição mas uma vergonha relacionada com a falta de lugar deste sexo, com seu descabimento. Uma vergonha de estar tão insanamente inseguro observando aquilo que para mim não fazia o menor sentido.
Não entendo o sexo desta maneira. Não entendo a quantidade de vezes que este apareceu na peça. Se foi para insinuar um clima de loucura e de insanidade da guerra não me pareceu convincente pois não me parecia um sexo sujo ou desesperado mais luxurioso e insinuante. Imagino que na guerra, em qualquer uma, cenas de violência sexual sejam comuns, mas cenas secas, duras, com muito choro, raiva, tristeza, tragicidade. Não consegui captar isso nas insinuações orgiásticas do grupo.
Não entendi a necessidade de mostrar os seios de algumas atrizes. Não entendi a necessidade de simular masturbação em uma dancinha patética. Não entendi a necessidade do uso de um pênis de borracha numa simulação do ato sexual no qual o portador do membro vestia máscara de cavalo. Isso era pra quê?
É possível mostrar tudo o que foi mostrado de outro jeito, tenho certeza. É evidente que é possível argumentar que tal jeito seria, de uma maneira ou de outra, totalmente diferente do antigo mas para mim isto não representaria perda e sim melhora. Melhora por que não precisamos que realizem tal ultraje à nossa imaginação, à nossa capacidade de criar metalmente o clima. Não sinto apuro por questionar as coisas desta maneira.
Pergunto-me verdadeiramente qual é a intenção de uma peça teatral que tem como platéia um público evidentemente leigo, um público que não escreve, atua, dirige ou estuda teatro. Presumo que as peças tem como objetivo (não sei se é a melhor palavra) uma comunhão ator-platéia com o intuito de relatar alguma mensagem; uma espécie de envolvimento em razão de um questionamento, seja trágico, cômico ou romântico, da realidade; um corte interessante da mesma; uma nova visão; uma crítica à um aspecto presente, passado ou até futuro. Só presumo. Esta peça não teve tal efeito em relação à mim. Os temas que ressaltei foram uma tentativa de recorte mas não posso dizer que tal tentativa foi bem feita. Esse envolvimento, essa comunhão, esse "passar algo", não conseguiu me atingir. Cavei raso. Para passar tudo aquilo seria extremamente necessário tal leitura sexual?
É isso que venho discutir. Não a relevância dos questionamentos pretensamente trazidos mas esse desastroso jeito de ver tais questionamentos. Porquê todo tipo de inovação artística polêmica tem de passar pelo sexo?
Para mim sexo não é mais tabu. Devo estar cometendo milhares de crimes psicológicos freudianos e de crítica teatral com este texto mas eu não me importo. Me revolto com a necessidade que têm-se por todo o lado de se falar sobre esse assunto. Tesão reprimido.
Bombardeam-nos pelo lado "pop" ou "de mercado" da cultura com os humps da Fergie e pelo lado underground dos teatros da praça Roosevelt.
E agora? Onde me esconderei? Num bunker? Que tal encenarmos "Sonho de uma noite de verão"? Nossa, mas que idéia, cara. Boa mesmo, filhão.

sábado, setembro 08, 2007

16.


Mas eu me divirto com esse blog, admito.
Acho engraçado algumas situações que você se vê tendo um blog e refletindo sobre a própria humildade que todos que escrevem deveriam ter. Bom, no final tudo se acerta, o justo acaba emergindo.
Uma das coisas mais chatas ou engraçadas (como preferirem) é contar para as pessoas que você possui, constrói, desenvolve, escreve ou tem um blog. No fundo no fundo não faz a mínima diferença. A pessoa vai, dá uma olhadinha, lê o último texto, solta um comentário e pronto, trabalho cumprido. É como jogar um peixinho pra aquela foca amestrada. Muito bem Floopsie, muito bem!
Falando isso fico com a seguinte impressão de mim mesmo: "mas esse cara é bem malandro, fala essas coisas e ainda esnoba quem entra naquele blog dele! Quem ele pensa que é? O Jabor? Mainardi? Simão? Bonner? Fica falando que não quer falar que tem blog e depois diz que tem que valorizar o que se escreve! Não faz nenhum sentido! Além de prepotente é burro!".
Não desautorizo estas acusações mas queria enfatizar que o sentido não é esse. Acredito profundamente no que escrevo, acredito que isto adiciona alguma coisa tanto para mim como para quem aqui acessa. Continuo crendo na dignidade do autor. No papel da humildade frente às críticas e comentários. Na discussão-construção espiral e em tudo o que já disse nos textos anteriores. O que aqui tento dizer é que venho desacreditando nessa propaganda oral que se faz. O que se ganha é um leitor instantâneo e fujão que vem uma única vez lhe fazer o favor de um comentário. Oras. Se eu precisasse de favores eu pediria. Tá, ok, tem a possibilidade da pessoa não curtir e ir embora - mas então porquê deixa comentários de que gostou? A única pessoa que faz críticas mais diretas e estruturais aos meus textos é o Márcio e ele está de prova que nunca estas críticas entraram-me por um ouvido e saíram-me pelo outro.
Não estou querendo falar mal dos leitores instatâneos também. Aqui faço crítica à propaganda verbal. Assintiva, pedinte, pedante, coercitiva. Propaganda essa que obriga, que lança mão do sujo recurso do "dá uma olhada". Todos temos direito de descobrir o que queremos ler sozinhos. Somos grandinhos e não precisamos de ajuda - certo? Certo? Não sei, de verdade.

Eu faço - ou fazia, agora - este tipo de coisa. Achava necessário justamente para as pessoas notarem a existência de PdO, por exemplo. Agora vou pensar duas, não, três, vezes para fazê-lo de novo.

quarta-feira, setembro 05, 2007


Por volta desta data os primeiros escritos do Palavras de Ordem completam 1 ano. O texto que já está em sua nona versão (e se encaminhando à décima) já não expressa mais completamente o que penso do Santa Cruz. Não que eu ache inútil, longe disso. A questão é que penso que as coisas são mais complexas do que eu as coloquei lá e não estou me dando por satisfeito com somente aquelas idéias. É preciso ir mais longe. Mais pesquisa, leitura, conversa. Não só para entender este colégio como a minha, a nossa, comunidade; essa classe média paulistana tão próxima, tão shoppinianamente próxima.
É evidente que volto um pouco mais agora aos assuntos da São Francisco mas isto não quer dizer que eu abandonei meu olhar ao Santa. Acho que dificilmente abandonaria. Acho importante este entendimento, esta compreensão, esta crítica. Algo que é tão intrínseco à mim não deve ser desprezado. É aquela etiqueta que colou já em mim: "Fez Santa Cruz", assim como eu disse em
PdO, no capítulo 2, "O problema, o hoje". E as coisas lá tem estado em constante mudança - cada vez num ritmo maior.
Talvez o que mais tenha me decepcionado a respeito do texto é que ele provocou muito menos discussões do que eu achara. Não estou falando de grandes debates ou enormes divergências de opinião entre centenas de pessoas, nada disso. Estou me referindo a conversas comigo, com os meus colaboradores. Não sei se estou sendo chato ou até mesmo cricri porém eu tenho a impressão que estas foram bastante insuficientes. Precisamos nos reunir e conversar. E uma conversa não se faz com só um lado gritando palavras de ordem, não é mesmo?
Apesar do nome faço tudo para este lugar seja um lugar de debates interessantes entre gente interessada. Obviamente acabo limitando bastante os temas devido ao meu caráter de autor do blog mas já disse e ressalto que qualquer pessoa que quiser aqui publicar qualquer coisa é só mandar no meu email (fbritocruz@gmail.com) que eu publico. Também é óbvio que passa por um filtro mas digo que este é quase-somente gramatical. Reforço então aqui o pedido: o espaço está aberto, o canal esta aberto.
Espero a participação ou, pelo menos, a leitura de vocês; já os considero amigos.

domingo, setembro 02, 2007

15.

Caros amigos,
Esse post vem falar sobre fatos que aconteceram em minha Faculdade nos últimos dias. Como eu já descrevi em post anteriores movimentos sociais (MST, Educafro entre outros) realizaram manifestação na Academia criando enorme rebuliço. A tropa de choque entrou e realizou a desocupação na mesma madrugada. Enormes debates e intensas discussões sobre tais acontecimentos começaram a ter lugar a partir deste momento e a direção do Centro Acadêmico XI de Agosto foi questionada se sabia ou não da manifestação e, se sabia, por que não havia avisado os estudantes. Ricardo Leite Ribeiro, o presidente do XI, em Conversa Aberta com os estudantes em conjunto com o diretor da Faculdade João Grandino Rodas, afirmou que os integrantes da gestão Fórum da Esquerda, que cumpre o mandato de 2007, sabiam dos planos de ocupação entretando não avisaram os alunos pela dificuldade do diálogo com os movimentos sociais e a possibilidade de que a notícia chegasse ao diretor que, sabendo de tudo, fecharia a São Francisco com o intuito de interromper a manifestação. Os motivos ou não de Ribeiro não ter avisado ao corpo discente tratarei em meu texto mas o fato é que membros da oposição à esta gestão começaram a organizar uma Assembléia para discutir as ações do Fórum da Esquerda e o resultado de tudo isto foi este. E é disso que pretendo tratar.


O que muito nos falta
Primeiramente devo expressar que não quero discutir fundamentalmente o fato do Fórum da Esquerda saber ou não da manifestação de 24 de agosto. Meu objetivo com este texto não é relevar as positividades ou negatividades da atitude deste grupo até porque em meu entendimento estes se encontraram numa verdadeira "sinuca de bico" e isso temos de considerar para analisar os fatos. Por um lado se a gestão avisasse os alunos cumpriria sua premissa de os representar plenamente discutindo assunto de capital importância dada a magnitude das manifestações planejadas e até talvez conseguindo importantes aliados neste movimento - mas correria sério risco de um aviso ao diretor João Grandino Rodas, que fecharia a Faculdade aos movimentos o que causaria uma traição direta à Carta-Programa da própria gestão Fórum da Esquerda que tem como uma de suas premissas essenciais o apoio àquele tipo de movimento. Por outro lado se a gestão não avisasse os alunos, o que de fato ocorreu, esta deixaria a manifestação adentrar a Faculdade sem obstáculos, de surpresa, assim cumprindo com o seu apoio já manifestado à tais movimentos - porém ferindo seriamente sua relação com o corpo discente que, evidentemente, entrou em fúria com o fato de ter sido pego de surpresa por um órgão que teoricamente os representaria. E esta relação, este vínculo, de fato feriu-se bastante. Temos de ter em mente que o Fórum tinha noção da dimensão política de seus atos e é óbvio que considerou que provavelmente a reeleição neste ano após a tomada desta decisão seria uma quimera. Além disso é preciso pensar que, apesar desta decisão em especial ter conseqüências tão peculiares e grandiosas, este grupo agiu de forma coerente com suas promessas incluídas em sua Carta-programa. O Fórum da Esquerda, eleito democraticamente em 2006, foi justamente colocado na posição que ocupa pelas promessas que fez e, pensando desta maneira, representou assim os alunos que o elegeram. Coerência e honestidade são qualidades que percebi nestes atos (além de uma espécie de suicídio político) e não traição e mau-caratismo e é nisso que fundarei meus argumentos em relação às atitudes que se seguiram dos grupos de oposição à gestão do XI encabeçada pelo presidente Ricardo Leite Ribeiro.
Disseram que a atitude do Fórum de Ribeiro foi antidemocrática, crápula e traidora em relação aos estudantes mas penso que a decisão da convocação da Assembléia Geral Extraordinária e as deliberações desta foram ainda mais antidemocráticas e arrisco dizer ilegítimas. Além das inúmeras ilegalidades que levam a Assembléia a ter de ser considerada nula e golpista não consigo conceber como o grupo de alunos se prostra de maneira tão ridícula, ingênua e submissa à grupos com interesses tão baixos.
A destituição do presidente Ribeiro por uma Assembléia extraordinária teria tudo para ser adequada se o próprio tivesse desviado verbas do XI ou se sua gestão não cumprisse nenhuma das promessas que fez - o que evidentemente não acontece. Para mim está claro que grupos de oposição ao Fórum da Esquerda estão explorando a fragilidade da decisão política do Fórum além da conta, além do razoável. É razoável apontar uma baixa representatividade na atitude desta gestão observando o fato da omissão de informações acerca da ocupação. É razoável criticar tal decisão. É razoável dentro de um debate transparente e adequado colocar diversos ataques à burrice ou não dos atos de Ribeiro. Destituí-lo por cumprir suas promessas não é nem um pouco razoável.
Nós estudantes de direito devíamos ser os primeiros a perceber os momentos que fazemos parte de uma manipulação. Não digo que esta seria uma manipulação descarada ou que o grupo X ou a chapa Y tem intenções de dominar o mundo e ficam freneticamente rindo enquanto seguram crânios. O que penso é que deveríamos refletir o que significa uma destituição de um presidente do XI que cumpriu (mesmo que de maneira duvidosa e, para muitos, burra) seu discurso. Significa que se quer por meio deste movimento massacrar a gestão Fórum da Esquerda. Não se contentam com uma justa e democrática vitória (que evidentemente acontecerá) nas urnas na próxima eleição que ocorrerá em outubro. Não, não, não é o bastante. É preciso esmigalhar a esquerda dentro da Faculdade - é preciso destruí-la com todos os métodos possíveis, mesmo que isso possa soar a alguns antidemocrático e golpista. Devemos varrer este grupo e este homem para fora do Largo para que nunca mais voltem.
A verdade é que seus opositores sentem medo da esquerda. Sentem medo justamente na força idealista a que ela remete, principalmente nos calouros. Sentem medo de muitas outras coisas que aqui não quero falar. Mas sentem tanto medo que apoiaram até a entrada de alguns homens vestido de preto no solo sagrado da Academia. Este medo e o desejo ardente por poder é o que faz a oposição recorrer à tais medidas absurdas e insensatas, na minha visão.
E o pior é que estes tem sido apoiados por muitos, muitos alunos, o que que me parece totalmente absurdo. Como não percebemos que estamos sendo utilizados para um açoiteamento político de um grupo que, por mais que tenha errado, merece e tem o direito de democraticamente cumprir seu mandato?
Como não nos entra na cabeça que este açoiteamento não é necessário e não é saudável para o debate político dentro da Academia?
O Fórum da Esquerda? Que sofram ou aproveitem as conseqüências de seus atos nas urnas.
A oposição? Que tome vergonha do que está fazendo profanando as Arcadas com discurso imoral e doentio se aproveitando do estado emocionalmente alterado pela presença do Choque no Largo.
O que nos falta? Olhar para dentro de nossa mente e em volta. Estamos participando de algo que realmente podemos nos arrepender. É necessário examinar as intenções dos envolvidos e perceber que nossos atos podem estar sendo conduzidos sem sabermos.