domingo, julho 22, 2007

10.

Gostei do texto do Benjamin, sim.
Achei adequado, mainardianamente interessante e irônico.
De qualquer maneira, se o autor permitir tais atos, pretendo colocar aqui mais dois ou três questionamentos.


Comentando um grande amigo
A questão é que tenho certeza que o Benjamin não está pregando qualquer tipo de conformismo ou de antiidealismo e gostaria de dessa maneira explicitar o que eu entendi. O modelo do "rebelde" e do "ser legal ser rebelde" é que está fundamentalmente criticado e não separar isso da possibilidade de mudança concreta do
status quo por parte do próprio jovem seria pobreza de espírito e inteligência e creio que desvirtuaria o pensamento do texto que vai contra justamente a efemeridade do ser "rebelde" ou "revoltado" hoje.
A verdade é que no mundo pós-moderno mesmo as coisas anti-sistêmicas são engolidas na máquina humana e assim usadas para o propósito oposto para a qual essencialmente existem. Qual a real possibilidade e disposição destes jovens de abrir mão de sua confortável vida burguesa? E qual a chance disto admitirem?
Uma revolução, devo dizer, não se faz com all-stars ou camisetas do nosso amigo Che, sinto muito (apesar de não nada contra tais itens; aliás, eu uso all star) - e talvez seja este o ponto chave da imbecilidade pós-moderna. Como tudo se banaliza as discussões nunca saem do plano do "achismo", do senso comum e do senso comum do anti-senso comum, se é que vocês me entendem. Tudo se planifica e nada se aprofunda. O que irrita Benjamin, e posso dizer o mesmo, é que a base de tudo que afirmam não existe, ela não passa de uma massa quebradiça, disforme e inconsistente. Hoje temos a mania de falar sem pensar. De falar sobre qualquer coisa, de saber qualquer coisa.
Queriam "aproveitar" a ditadura por que não entendem a real gravidade dela e nela nada aprenderam. Algum pode vir e dizer que a maior ditadura é a atual, uma ditadura velada, mas desculpe ser chato; eu preciso mais do que isso para concordar com esta idéia. O pensamento deste seres que Benjamin tanto odeia não é nem retrógrado por que nem isso consegue ser. É uma lógica pretensamente coletiva e em busca do justo e do certo mas em seu cerne profundamente individualista e egoísta. Usando palavras de nosso amigo Benj: (...) Que a sua visão fechada, preconceituosa e indisposta à discussão serve apenas pra inflar o seu ego. (...).
O mundo do "eu acho" é algo que também me irrita, amigo. O mundo do "eu acho" e também do "eu não acho". O errado aí não é o quê um ou outro acha. O errado aí é achar; é achar sem base, sem conteúdo real.
Nossos pequenos (ou grandes) poderosos arautos do bem mundial, reizinhos da plebe revoltada, que tanto pregam a "antropofagia" deviam se alimentar mais, penso eu.

domingo, julho 08, 2007


Estou para escrever esse texto há muito tempo, mas tive algumas complicações acadêmicas. Finalmente, estou de férias e pude concretizar essa idéia que está rondando minha cabeça faz tempo. Espero que gostem. E, se alguém se sentir ofendido, só posso pensar uma coisa:missão cumprida.
Invasão da reitoria. Muitos cartazes, interesses, discussões, opiniões, brigas... Todo esse rebuliço me faz lembrar de um outro movimento, bem mais amplo que nos persegue há algum tempo. Tem seus muitos nomes, como “Pseudo-revoltismo”, “Movimento Pós-Moderno”, ou o meu preferido, “bobice”.
Mas afinal, do que se trata a bobice? Vamos tentar explicar e compreender o que ocorre por aí.

O Pós-Modernismo
Desde os tempos remotos, há uma adoração ao “rebelde”. Essa pessoa que quebra barreiras,ultrapassa limites é adorada por todos nós. O que fica evidenciado no modernismo, quando verdadeiros dogmas na arte vieram abaixo. Seja nos filmes, nos livros, na televisão ou na sua rua, todos gostamos de rebeldes.
Temos, portanto, no âmbito cultural, uma idealização do revolucionário. E o pós-modernismo se mantém a essa regra. A lei é ser revolucionário. Se ponha contra o mundo e ganhe uma balinha. E, dessa forma, vemos uma verdadeira banalização do que seria uma rebeldia, uma revolução. Afinal, a revolução é um meio, e o que temos aqui é uma revolução como causa.
Nessa busca incessante por regras a serem destruídas, criam-se regras fictícias e imaginárias para serem, a partir daí, quebradas. O artista pós-moderno quebra barreiras que existem na cabeça dele, e somente na cabeça dele. Porque regras existem única e exclusivamente para serem quebradas.
A partir daí brotam obras e mais obras incompreensíveis, comparadas a quadros infantis ou mesmo pintados por elefantes prodígios. Ou uma exposição simplesmente repleta de cenas e mais cenas de sexo explícito. Porque um pouco de sexo é sempre bom.
O sexo é insistentemente usado pelos nossos estimados artistas pós-modernos. Dificilmente você vai encontrar uma exposição que não tenha uma imagem ou um texto falando desse tema tão corriqueiro. Um tema tão “revolucionário e escandaloso” agora virou corriqueiro.
Eu não me choco com sexo. Eu sou bombardeado noite e dia por sexo. Revolucionário pra mim seria justamente não falar de sexo. Seria tentar ao menos manter um mínimo de discrição sobre a sua vida sexual, ou a dos outros. Mas é claro que eu sou só um reacionário moralista que sonha com um mundo em que um artista não berre por aí as experiências que teve com conchas, travestis romenos e arroz integral.
Essa busca pelo “novo”, pelo que irá quebrar todo o sistema vigente acaba gerando um outro tipo de movimento. Um movimento em que a causa perde a importância, e que o próprio “movimento” se fortalece. Não interessa muito pelo que você luta, o importante é justamente lutar. Cria-se a “revolta pela revolta”.
E essa “revolta pela revolta” evidencia que estamos no meio de uma corrente cultural seca, simplesmente desprovida de qualquer idéia ou causa na sua base. O simples ato de rebeldia gratuita é a estrutura do contexto intelectual em que estamos inseridos. Não existe nem razão para se discutir, porque não há o que se discutir. Muitas dessas pessoas envolvidas nos pós-modernismo não têm idéia de por que estão fazendo o que estão fazendo. É preferível ao menos um estúpido que não faz nada, do que vários estúpidos que se juntam com outros estúpidos pra fazerem estupidez.
Senhoras e senhores, eis o vosso pós-modernismo: um monte de estupidez.

Nossos Pseudo-Revoltados
Agora que já falamos da corrente vigente, vamos tratar de seus adeptos. Os gloriosos “pseudo-revoltados”.
Os pseudo-revoltados são pessoas incríveis. São superiores ao resto da humanidade, pois eles e somente eles sabem o quanto esse mundo é injusto e precisa ser mudado a todo custo. Então eles fazem o que sabem fazer de melhor: se revoltam. E não estão de brincadeira, caro leitor que está rindo.
Eles usam roupas pouco usuais, porque não pertencem a esse mundo imundo capitalista. Quer dizer, não pertencem na maior parte do tempo, porque é impossível resistir à um Ipod ou a conversar no MSN ou no celular, certo?
Mas não pára só por aí. Eles também têm discursos prontos a serem declamados contra instituições sabidamente maléficas, como a Igreja Católica, o governo, os Estados Unidos da América, a direção da escola e os professores de matemática(reacionários malditos). E argumentos muito fortes em favor de outras, como o comunismo(o sagrado comunismo), Cuba(viva Fidel!), o movimento estudantil secundarista(que merece ser respeitado e deve acreditar em si mesmo), Osama bin Laden, a pobre Palestina e seus singelos grupos terroristas e derivados.
Os pseudo-revoltados não contam, mas lá no fundo de seus pequeninos corações eles sentem uma saudade da ditadura... Claro, eles não eram nem nascidos, ou se eram não estavam em condições de “aproveitar”. Porque era boa àquela época em que você acordava, e iria xingar alguns policiais, planejar alguma coisa contra os militares, e quem sabe até, com sorte, ser torturado e morto! Consegue imaginar, ser morto pela ditadura, que grandioso que não deveria ser?
Mas infelizmente a geração acima da nossa guardou toda a festa pra si mesma, e largou a gente com só alguns pilantras em Brasília... E qual é a graça em protestar contra alguns ladrõezinhos, quando antigamente se podia jogar uma garrafa com gasolina em algum prédio e viver clandestinamente?
O jeito então é se rebelar contra o que temos. Vamos então entrar na reitoria da universidade e mostrar que a nossa geração também pode! Que nós somos tão bons quanto a última. Que nós também sabemos lutar por alguma coisa. Que eu sou tão bom quantos todo mundo era. Que eu sou o máximo. Que eu me rebelo mais que todo mundo aqui!
O que na verdade esqueceram de contar para os adeptos da bobice é que eles são seres egoístas, que só pensam na sua grandiosidade, que tentam se encaixar em grupos revolucionários pra se sentirem menos insignificantes nesse mundo, que entrando em qualquer movimento que aparece na frente deles eles acabam na verdade tornando o movimento banal, estúpido e sem razão de ser. Que a sua visão fechada, preconceituosa e indisposta à discussão serve apenas pra inflar o seu ego.
São esses então os nossos pseudo-revoltados. Estúpidos que se juntam com outros estúpidos pra fazerem um pouco de estupidez.
E agora?
Não temos mais saída? Estamos presos à essas pessoas que colocam frases soltas(de autores que supostamente leram e entenderam) no seu álbum do orkut, junto com fotinhos bonitas e revolucionárias de manifestações que fizeram?
Embora nossos adeptos do pós-modernismo estejam por toda parte, e que suas críticas soltas e sem sentido ecoem pelos quatro cantos do mundo, existem, é claro, pessoas que realmente têm idéias e estão dispostas à discussão. E justamente essas pessoas que se rebelam contra a norma da rebeldia é que têm de ser levadas à sério.
Só assim, quem sabe, podemos escapar um pouco dos estúpidos que se juntam a outros estúpidos pra fazerem um bocado de estupidez.

domingo, julho 01, 2007


Olá de novo. De volta? Mais ou menos mas definitivamente de férias. Minha internet continua quebrada mas devo dizer que isso não é justificativa para não colocar nada por aqui, certo?

Então melhor, neste momento, fazer algumas atualizações, dar algumas notícias e, depois, colocar alguns projetos para andar.

A ocupação e a greve na USP acabaram na semana retrasada e tudo 'voltou' ao normal. Devo dizer que o movimento foi bastante vitorioso em relação à pauta adotada mas, como é evidente e senso comum, tudo isto colocou o modelo universitário atual em discussão. Até mesmo o Estatuto da USP poderá ser reformado e, mesmo estando na universidade a apenas alguns meses, é necessário notar a magnitude do turbilhão que abala as estruturas no ensino superior público. O saldo foi positivo sim e não posso negar isso. Não posso negar também que todas as minhas opiniões anteriores se mantém e estas duas afirmações não se contradizem. Aprende-se muito nestes tempos - porém aprende quem quer, é claro. Eu ainda gostaria de estar mais presente nos acontecimentos e, assim, ainda aprendo o que eu deveria ter feito.

Não está tudo solucionado mas boas coisas aconteceram, é fato. O porém, o grande porém, que me engasga profundamente é a violência empregada. Pergunto-me a necessidade disso, de verdade.

Ainda espero a contribuição que Benjamin me prometeu. Agora que ele está em férias espero que consiga escrever. E parabéns pra ele e pra a Flora que fizeram anos ontem, dia 30.

Projetos futuros são muitos. E muitas leituras. Espero poder revelá-los em breve, pelo menos alguns deles. Enquanto isso solto um par de textos que tenho na manga até conseguir ter produzido algo mais interessante. E vou comentando nos alheios, evidentemente.