sexta-feira, dezembro 21, 2007

30.

Neste "texto" número 30 tentarei algo diferente, vamos ver no que dá.


Rand, Roark e a defesa do indivíduo I


Bom, primeiro de tudo eu preciso que o caro leitor assista esse vídeo. É de um filme chamado "The Fountainhead", de 1949. O filme é baseado num livro de 1943 com o mesmo título, escrito pela autora americana Ayn Rand. Vou contar a história para melhorar o entendimento.
Howard Roark (Gary Cooper) é um arquiteto idealista e visionário. Sua estética e seu método divergem dos tradicionais ensinados pelas academias de arquitetura e seus colegas caçoam dele. Roark não quer saber de frufus, de estilos copiados, de neobarroquismos, entre outros. É um homem com idéias próprias, novas. Com um pensamento certamente individualista é um profissional jovem e brilhante. Depois de diversas desventuras que não necessitam ser narradas um arquiteto colega de Roark o vê em necessidade e oferece um acordo. Peter Keating é um parasita, alguém que nunca consegue ter idéias próprias e copia modelos. O acordo consistia em Roark desenhar o Condomínio Cortland para Keating, que não conseguia ter idéias e, em troca, Keating faria o que seu colega quisesse.
Howard Roark aceita o acordo e desenha Cortland para Keating sem assinar o projeto e sem receber um tostão - a única coisa que ele exige é que o condomínio seja exatamente como ele projetou. Exatamente.
Depois de uma longa viagem de barco Roark vai observar seu projeto pronto e vê que, apesar do acordo, o desenho havia sido mudado; Keating havia cedido ao achaque de seu chefe e havia transformado o projeto em uma gororoba neoclássica. Louco com a mudança traiçoeira em seu projeto Roark dinamita Cortland com a ajuda de Dominique Francon, sua consorte. Ele confessa e vai a julgamento. O vídeo que segue é o julgamento de Roark, ele começa com uma fala breve do promotor e, após ela, o arquiteto Roark realiza sua defesa.


O discurso é a defesa do "Objetivismo", filosofia criada por Ayn Rand, a autora do livro. Devo confessar que me intriga bastante, essa defesa do indivíduo perante o todo, perante o coletivo. Ainda estou refletindo o que acho ou quais colocações são adequadas, mas de qualquer maneira peço a opinião de todos. Só digo que admito que é ridículo o momento que Roark fala sobre como seu país é o máximo, é o reino do respeito a si mesmo e às idéias do indivíduo. É muito duvidável conferir tantas qualidades a um país que foi construído sobre um solo cheio de sangue indígena. Os Estados Unidos são um país onde o homem é livre para buscar sua própria felicidade? Em que aspectos? Quais homens? É a defesa suja do liberalismo; o homem é livre para prosperar, não para viver na fome - contudo basta ser livre e querer para se prosperar? Valem esses e muitos outros questionamentos.
Ok, ok, eu explico o porquê tudo isso. Eu vi o filme recentemente e lembrei desse discurso. Lembrei que seria uma coisa muito legal pra se colocar no Palavras. Sempre achei que valia a pena essa discussão. A opinião de vocês é muito importante agora.