segunda-feira, agosto 06, 2007

12.

E prossigo

Toda esta questão de base é também duvidosa na fonte. Até parece que tenho. O que coloco é que também me incluo nestas constatações podres do nosso círculo social. Enojo-me quando alguém se exclui disso e creio ser este o maior dos males. A visão distanciada, a observação blasé (que muitas vezes pratico), é só parte de uma arrogância que revela nossa ignorância do significado das coisas. Do significado do que é observar propriamente a realidade.

A distância com o mérito de crítica só é válida no plano científico ou acadêmico então? Não, creio que nem sempre. Não é preciso colocar sempre as opiniões numa monografia, tese ou estudo. Basta que o faça concatenando pontos que tenham pertinência e que criem unidade, autoridade e alguma idéia plausível.

Tenho ficado aficionado nos últimos dias por discutir os objetivos das coisas. É sintomática a vontade de passar por cima desta parte nos dias de hoje. É indicativo de que os objetivos seriam subentendidos? – ou que nós pensamos erroneamente que estes o são? Nunca acho suficiente o que falamos sobre estes aspectos de tudo o que fazemos e é por quê na explicação são usados conceitos que sem definição são vagos e replicam meramente o que o interlocutor, no caso eu, quereria ouvir. O problema é que quando se aponta algo desta maneira há necessidade de explicar o que para o tal indivíduo significa aquele conceito – e aí que reside o problema. Palavras como “sistema”, “sociedade”, “crítica”, “alienação” e muitas outras preenchem de vazio os nossos discursos mas na verdade pouco sabemos sobre seu real significado. É algo meio redação-da-Fuvest, creio eu. Decoramos uma fórmula pré-determinada de realizar apontamentos ou críticas e a replicamos muitas vezes de maneira totalmente patética.

Além de tudo isso ainda me irrita como valorizamos aquilo que carrega um lado outsider, “alternativo”, crítico, como pensamos que somos. É essencial para que algo tenha qualidade que isto tenha em si qualquer indício deste lado, mesmo que seja por uma relação fraca e tênue. O problema é que, ao meu ver, nem sempre é bom que as coisas carreguem este lado. Não sei se me faço claro mas quando alguém me diz que tal livro é bom por que mostra bem a nossa sociedade eu penso na seguinte pergunta em minha cabeça: “e por que é bom que se mostre a nossa sociedade?”. As coisas não têm qualidade por que fazem crítica ou retratam a realidade da vida do nosso país e sim por que fazem isto de alguma maneira. Às vezes esta maneira é não fazendo crítica. Outras vezes é utilizando um recorte e uma metodologia interessante. Em suma (lembrando uma conclusão fuvestiana), não creio e afasto a idéia de que as coisas que carregam, por exemplo, um ataque na essência da nossa elite sejam interessantes. Podem ser – ou não. Assim como um livro sobre a organização biossocial das abelhas pode ser interessante – ou não.

Depois continuo.

2 comentários:

Marcio Zamboni disse...

hey!
esse texto tah meio perdido, mas gostei.
eu especialmente gosto de colacar nos meus textos uma pequena definição de termos que uso, o contexto no qual os uso, é interessante.

acho q a questão não é que a discussão desse blog seja uma farsa, só acho q deveria-se repensar-se a sua própria vida quando se fala do outro, e tentar ver o quanto desses problemas não estão em nós mesmos, o quanto não reproduzimos esse problema... e quanto o problema é mesmo um problema.
sei lah, acho q não me fiz entender...

Anônimo disse...

é que a gente é muito prepotente. Acha que é a elite disso, o melhor daquilo.
E no fundo, a gente sabe muito pouco sobre muita coisa. Só que ai, a gente tá acostumado a achar que sabe um monte de tudo, e fica essa coisa arrogante, todo mundo com aquele ar de superpolitizado.
e falta a gente ouvir. a gente desembesta a falar, a querer mostrar o quanto a gente sabe, que a gente perde as vozes ao nosso redor. pra mim, isso é o que mais falta. a gente é muito surdo.